Universidade Federal
da Paraíba
Centro de Ciências Aplicada e
Educação
Departamento de Ciências Exatas
Aluno: Jonnathann Silva Finizola Matrícula:
81011054
Disciplina: Avaliação da Aprendizagem
Síntese: “Uma polêmica em relação ao exame”
BARRIGA, Angel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame. In: ESTEBAN,
Maria Teresa (Org). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. 5. Ed.
Rio de Janeiro: DP&A, 2003, p.51-82.
Podemos dizer que o exame se converteu num instrumento no qual se
deposita a esperança de melhorar a educação. Desta maneira é estabelecido um
falso princípio didático: um melhor instrumento de exame proporcionará um
melhor ambiente de ensino.
É
evidente o papel que o exame cumpre na sociedade e na escola e na vida dos
alunos, existe um reducionismo técnico que omite o estudo dos
amplos significados que se escondem nesta prática. É importante analisar como a forma como o exame moderno efetua uma
série de reducionismos técnicos sobre o saber pedagógico. A pedagogia do exame
criou mais problemas para a educação do que resolveu. É habitual que tanto os
estudiosos da educação quanto as pessoas em geral acharem que o exame é
inerente a toda ação educativa e um estudo nessa área nos mostra a falsidade
dessa afirmação. Historicamente, o exame foi um instrumento criado pela
burocracia chinesa para eleger membros de castas inferiores. Assim como,
existem inúmeras evidências de que antes da Idade Média não existia um sistema
de exames ligado a prática educativa. A atribuição de notas ao trabalho escolar
é uma herança do século XIX à pedagogia. O exame é somente um instrumento que
não pode por si mesmo resolver os problemas gerados em outras instâncias sociais. Não pode ser justo quando a estrutura social é
injusta; não pode melhorar a qualidade da educação quando existe uma drástica
redução de subsídios e os docentes se encontram mal pagos; não pode melhorar os
processos de aprendizagem dos estudantes quando não se atende nem à conformação
intelectual dos docentes, nem ao estudo dos processos de aprender de cada
sujeito, nem a uma análise de suas condições materiais. Todos estes problemas,
e muitos outros que convergem sob o exame, não podem ser resolvidos favoravelmente
só através deste instrumento. Uma das funções do exame é determinar se um
sujeito pode ser promovido de um período para outro. Desta ideia geral surgem
outras duas funções: permitir o ingresso de um indivíduo a um sistema
particular (admissão) ou legitimar o saber de um individuo através de
certificações ou da outorga de um título profissional. A partir do
reconhecimento desta função, a discussão em relação aos exames esta centrada
apenas nos aspectos técnicos que podem dar uma imagem de cientificidade aos instrumentos usados.
Uma das funções do exame é determinar se um sujeito pode ser promovido de um
período para outro. Desta ideia geral surgem outras duas funções: permitir o
ingresso de um indivíduo a um sistema particular (admissão) ou legitimar o
saber de um individuo através de certificações ou da outorga de um título
profissional. A partir do reconhecimento desta função, a discussão em relação
aos exames esta centrada apenas nos aspectos técnicos que podem dar uma imagem de cientificidade aos instrumentos
usados. A ciência como postula Habernas (1982),
renega a reflexão e não a busca partir da compreensão de um fenômeno. Os problemas
de ordem social: possibilidade de acesso à educação, justiça social, estratos
de desemprego, estrutura de investimento para o desenvolvimento industrial
etc., são transladados a problemas de ordem técnica: objetividade, validade,
confiabilidade. Esta inversão de relações sociais em problemas
de ordem técnica converte a questão do exame numa dimensão cientificista.
Uma revisão cuidadosa na história da educação mostraria que em
muitas práticas pedagógicas não existiu nada similar aos exames. Durkheim mostra que este instrumento ingressa
no cenário educativo através da universidade medieval. Na Didactica Magna de Comenius o exame está ligado
diretamente ao método. Sua função consiste em ser a última parte do método que
pode ajudar a aprender. Portanto,
através do exame não se decide nem a promoção do estudante nem sua nota. Esta
não existe até o século XIX. Quando o aluno não aprende,
Comenius recomenda que o professor revise seu método. Ainda assim,
explicitamente indica que o aluno não deve ser castigado, porque criaria uma
aversão ao estudo. Um fato curioso no início século XX é que a pedagogia deixou
de referir-se ao termo exame, o substituindo por teste (que aparentemente é
mais científico), e posteriormente por avaliação (que tem uma suposta conotação
acadêmica). Ambas a concepções (teste e avaliação) são o resultado do processo
de transformação social que a industrialização monopólica provocou nos Estados
Unidos. Durante este período, os estudos para medir a inteligência desembocaram
rapidamente numa teoria dos testes. O teste foi considerado com um instrumento
científico. O exame não
passa de um espaço de conflito entre problemas de diversas índoles. A pedagogia não pode resolver problemas cuja
causa se encontra noutra instância social. Portanto, os
diversos problemas que enfrentam o sistema educacional devem ser analisados a
partir de uma configuração de suas características
implícitas. É preciso salientar que os problemas da sala de
aula e concretamente os metodológicos, não se resolverão tornando mais
rigorosos o sistema de exames.
A nota escolar é um fato que se materializa
no século XIX. De fato, perverteu as relações pedagógicas ao centrar o
resultado de um curso apenas em função do exame. A atribuição de notas não
responde a um problema educativo nem está forçosamente ligada à aprendizagem.
Sua tarefa se aproxima mais do poder e do controle.
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